Li certa vez que, na antiguidade, o ouro e a prata eram provados pelo fogo. Expondo-se os minérios às altíssimas temperaturas, era possível separar o ouro e a prata de metais como o ferro, cobre, estanho e chumbo, considerados escória, após o refinamento desses metais mais nobres. Ao estudar a cultura arcaica de países tais com o Egito e a Grécia, a era de ouro da humanidade é considerada aquela em que os homens ainda viviam mais próximos aos deuses do Olimpo.
Hesíodo um dos maiores poetas gregos da Idade Arcaica, que viveu, aproximadamente no ano 800 a.C. na Beócia, no centro da Grécia, dividiu as eras da humanidade em cinco grandes eras: Ouro, Prata, Bronze, a era dos Heróis e, por fim, a era de Ferro. Nessa ordem de degradação, à medida em que os homens se afastavam dos valores divinos e se perdiam em direção às vaidades e valores menores, inventados para atender interesses próprios dos homens e sem qualquer nobreza.
Nesse texto, nos interessa, apenas, relembrar mais a Era de Ouro, que ocorreu durante o governo de Cronos – divindade suprema da primeira geração de titãs da mitologia grega. Nessa era, os homens viviam, segundo o poeta, livres de sofrimentos, sob muita paz e harmonia. Os humanos não envelheciam e, quando findavam, morriam pacificamente. A primavera era eterna e as pessoas eram alimentadas com frutas silvestres e mel que gotejava das árvores. A principal característica dessa era, de acordo com Hesíodo, era a de que a terra produzia comida em abundância, de modo que a agricultura era uma atividade desnecessária.
Esta era terminou quando Prometeu – um titã da mitologia grega, entregou o segredo do fogo aos homens. Por conta disso, Zeus – líder de todos os demais deuses do Olimpo, puniu a humanidade, permitindo que Pandora abrisse sua caixa, deixando escapar todo tipo de mal, que acabaram repousando sobre todos os mortais. Ao se dar conta do que estava fazendo, fechou rapidamente a caixa, entretanto, de tudo que lá dentro havia, restou apenas a esperança.
Pandora, de acordo com Hesíodo, foi a primeira mulher que existiu, criada por Hefesto – artista celestial, deus do fogo, dos metais e da metalurgia, e Atena – deusa da estratégia nas guerras, da civilização, da sabedoria, da arte, da justiça e da habilidade, auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Como podem ver! A mulher já nasceu ‘fera’ meu irmão! Quase uma deusa!
Mitologia à parte, por que o ouro é tão valioso? A mineração do ouro é um processo muito caro e difícil. É um trabalho intenso e só pode ser feito em certas áreas geográficas. Além disso, é considerado inerte, o que significa que não interage com outros elementos da tabela química. Por conta disso não enferruja e nem se degrada. Basicamente, dura para sempre, algo que realmente não caracteriza a maioria dos outros materiais. Por isso as alianças são de ouro e vêm em uma caixinha, na esperança de que os matrimônios também durem para sempre!
Se não bastasse, o ouro é um metal, extremamente, maleável. Pode ser esticado, batido, torcido sem se partir ou rachar. Isso permite que as pessoas possam usá-lo de muitas formas diferentes: como joias e adornos ou criar folhas de ouro muito finas, que possam revestir objetos para fazê-los parecer serem feitos de ouro. É um excelente condutor de eletricidade, muito utilizado em circuitos de computadores. O ouro brilha, o ouro reluz, o ouro atrai, o ouro encanta, o ouro enobrece. A própria arca sagrada dos cristãos foi talhada em ouro puro, segundo as escrituras.
Ao longo da vida, os homens também se submetem a vários tipos de fogo, talvez, com o propósito de serem melhor apurados. Sim! Vários tipos! Submetem-se, por exemplo, ao fogo das paixões, das fraquezas da carne, da cobiça, do poder, da inveja, da preguiça, do conformismo, da auto piedade, da vitimização, da arrogância, da vaidade, do conforto, dos prazeres, da irresponsabilidade, da inconsequência, dos desejos, da mentira, da falsidade, da traição, da injustiça, da dor, da perda, da fatalidade, das incertezas, da falta de caráter, da falta de honra, do sadismo, da maldade, das tentações, das pressões psicológicas, das chantagens, da covardia, das disputas, das crises econômicas, das incompetências próprias e alheias, da ignorância, dos vícios, do orgulho, do desprezo, da deselegância, da falta de cultura e de educação, do ódio, da guerra, das enfermidades, da fome, do abandono, e todos os demais exemplos de fogo que possam lhes ter vindo à cabeça!
Por outro lado, a maioria das almas, se não todas, entram na vida luzindo como o ouro, contudo, quantas delas, não saem dela, completamente tostadas. Ora, quem é a pessoa que, num momento ou noutro, nunca passou por, ao menos, uma dessas provações e não esmoreceu? Se a vida de cada um fosse um cadinho, ao apagar-se a fornalha da vida, em quantos desses utensílios, não restaria ao fundo, apenas, estanho, chumbo, cobre e ferro, ou seja, a escória dos tempos da Grécia arcaica!
Imagine, só por um instante, que lá, do outro lado, depois das provações todas, haja uma tenda sagrada, a tenda da honra e da glória eterna. Contudo e obviamente, em uma tenda de tal importância, não há de se esperar que se permita entrar alguma alma de menos valia que o ouro, pois se isso ocorresse, a tenda deixaria de ser o que é, perdendo assim o seu propósito e o respeito que lhe é devido! Tudo o que é sagrado deve ser tratado com veneração, respeito e o máximo rigor de detalhes e atenções. Nada menos do que o máximo do melhor. Por conta disso, cabe-lhe tão bem o ouro!
Talvez, pareça injusto! Como poderia uma pobre alma suportar tanto fogo cruzado, tantas e tantas provações, como todas as que listamos acima e mais algumas, sem deprimir-se, sem perder a esperança, sem abater-se, sem maldizer a sorte, sem blasfemar contra o Olimpo, Zeus e todos os demais deuses? Será que todos nascemos, então, para ser escória? Será esse o nosso destino final?
Clarissimamente que não! Além disso, para suportar todos esses tipos de fogo, nos basta apenas duas virtudes! Só duazinhas mesmo…! O amor e a fé! E a vida serve, justamente, para isso, ou seja, aprender a amar e a ter fé, verdadeiramente!
Todo aquele que aprender a amar ao próximo, tanto quanto a si mesmo, sem nunca perde a fé, jamais se queimará! Passará incólume por todas as chamas e estas não o queimarão, de modo algum!
Portanto, você, pessoa a quem eu tanto estimo, seja qual for a provação que esteja passando, nesse exato momento, alegre-se! Aprenda a ver o lado positivo das tuas dificuldades! Mova-se com ânimo! Surfe essas ondas de pesar! Pense mais nas soluções do que nos problemas! É dolorido? Sim é! Quem aqui disse que seria fácil? É que o terreno precisa ser lavrado, a pedra precisa ser esculpida, para que o veio de ouro, esse que existe em teu peito, possa aflorar, resplandecer na tua alma e novamente te religar à luz do teu Deus!
Marcondes 15 de julho de 2015 02:42
8 comments on “Quem perde o ânimo perde tudo!”