Que teu êxito não custe a tua alma!

Foto meramente ilustrativa

Há quem diga que todo o êxito na vida é, apenas, uma questão de foco e há muitas evidências de que assim o seja!

Entre todos os objetos de desejo, escolhe-se um principal e dá-se a ele toda a prioridade. Todo o restante passa a ser menos importante. Faz- se desse modo uma escolha sobre em que colocar toda a energia física, mental e espiritual. Mentaliza-se um objetivo, dedica-se a ele todos os recursos disponíveis em termos de tempo, dinheiro, literatura, pesquisa e tudo quanto puder contribuir para se chegar à conquista daquilo que tanto se deseja.

A história de vida de cada pessoa, pode envolver privações, frustrações, humilhações, injustiças, medos, desaforos, mágoas, ciúmes, perdas e rancores. É com base em sentimentos desse tipo, que podem surgir desejos obsessivos, quanto a conquista de algo que, de certa forma, possa compensar o ego dolorido dessa pessoa.

Tais desejos surgem por consequência do sofrimento pelo qual o indivíduo tenha passado, na infância, na adolescência ou na juventude. Obter aquilo que lhe tenha faltado em um momento importante da vida, proporcionará algo como um sentimento de vingança, do tipo: Agora sim, reconhecerão o meu valor e me tratarão com o devido respeito! Para muitas pessoas, chegar a esse ponto de restauro da autoestima significa êxito!

É raro alguém ter obsessão por algo que nunca lhe tenha faltado! Mesmo a ganância, pode ser fruto do medo, de que a falta de algo o leve à escassez ou à morte. Por conta disso, a pessoa passa a acumular mais e mais daquilo que já possui em demasia! Ainda que esse sentimento de possível perda, seja apenas uma alucinação.

Quando o êxito torna-se o objetivo principal de uma pessoa, tudo passa a ser menos importante. Na ânsia de obter, aquele cargo, aquele carro, aquela casa na praia; fazer aquela viagem para a Europa ou para os EUA, obter aquele título acadêmico; todas as demais coisas passam a ser secundárias!

Deste modo e sob este regime, quase toda realização se torna possível. A única dúvida é quanto a felicidade. Pois, nem sempre, essa virá no mesmo pacote das grandes realizações pessoais. Há inúmeros exemplos que a vida nos dá, de pessoas que atingiram o ápice da carreira profissional e não foram felizes!

O foco estreito os tornaram artistas de renome, altos executivos de importantes companhias multinacionais, porém, ao custo do fim de um namoro, de um divórcio, de filhos drogados, de ausência de amigos e de uma vida sem contemplação.

Em verdade, a fome de êxito faz com que indivíduos se tornem escravos voluntários; pessoas viciadas em trabalho, cujo sentido da vida é a ascensão profissional, a produtividade e o batimento de metas contínuas e progressivas! E, com isso, certamente a obtenção de êxito.

Estar bem, para muitos está diretamente ligado ao cargo que uma pessoa ocupa!

E fulano! Como está?

Ah! Está muito bem! É diretor comercial na Federal Stores!

Ah! Que bom!

Porém, será que está bem de saúde?

Será que tem uma família feliz?

Será que ele mesmo é feliz?

O êxito pelo êxito, pode ser uma vitória de Pirro (nome de um antigo rei de uma das 13 regiões modernas da Grécia antiga). Expressão utilizada para se referir a uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis. O que se quer enfatizar é que: “Nenhum êxito profissional justifica o fracasso no lar!”

Para Epicuro (filósofo grego do período Helenístico), a felicidade implica em controlar os nossos medos e desejos, de maneira que o estado de prazer seja estável e equilibrado, com um consequente estado de tranquilidade e ausência de perturbação. Para ele, três coisas são necessárias para que alguém seja feliz: liberdade, amizade e tempo para filosofar.  Epicuro, procurava conscientizar as pessoas de que comprar e possuir bens materiais não as tornariam mais felizes, como elas imaginavam.

Felicidade pode ser encontrada nas coisa mais simples e às vezes tão próximas, que não as conseguimos notar. De modo geral, estamos ocupados demais para encontrar um tempo para ir à comemoração do dia dos pais na escola do filho, ou na reunião de pais e mestres.

Vivemos pressionados demais para encontrar tempo para saber como foi o dia da esposa ou para aprender o nome dos três melhores amigos do filho de 7 anos, ou ainda para saber se a filha está cursando a 2ªA ou a 3ªB. Muito atarefados para notar o encanto do sorriso de alguém feliz, sentir o perfume das rosas em nossos jardins, apreciar o show que nos oferecem as copas floridas dos ipês amarelos da praça mais próxima, sentir o sopro do vento a embaraçar nossos cabelos, ser acolhido pelo abraço de um irmão, ou para uma conversa animada com um amigo de infância!

Por sorte, você é uma exceção! Meus parabéns então!

Marcondes, 11 de outubro de 2018    03h55

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