Ao longo de nossas vidas, muito nos ensinam. Tudo a começar no próprio lar. Ao menos, para todos os afortunados que tenham a sorte de nascer de um casamento sólido e bem-sucedido; onde haja amor, comunhão e uma boa dose de harmonia entre os cônjuges e que, além disso, ostente um mínimo de estabilidade econômico-financeira e um certo grau de sabedoria, que permita ao casal entender a importância de se investir na educação e na escolaridade dos próprios filhos.
Tudo o que é ensinado, no entanto, visa um cenário de normalidade, onde tudo costuma dar certo. O ensino, de modo geral, prioriza a formação de técnicos e profissionais que um dia trabalharão para alguém, alguma empresa, alguma indústria que hão de crescer e gerar oportunidades para uma carreira crescente e progressivamente próspera em termos financeiros.
O cenário que serve de pano de fundo à educação do primeiro, segundo e terceiro grau é um cenário de paz e normalidade. A educação recebida em casa, de certo modo, prevê também circunstâncias, quase sempre, regulares. Ou seja, um mundo onde, se a lição de casa for bem feita, tudo correrá dentro de um padrão de previsibilidades e expectativas, no mínimo, boas.
Assim, ao longo de anos e anos, as entranhas de nossos cérebros e seus bilhões de neurônios, vão sendo alimentadas com milhares e milhares de informações e ensinamentos que formam o caldo cultural de cada indivíduo. Tal caldo cultural será, mais ou menos, como uma enciclopédia de consulta e referência. Servirá de base para a montagem de raciocínios de defesa, inatividade ou de ataque, quando alguém enfrentar uma situação nova que necessite de alguma tomada de decisão. Caso precise livrar-se de algum incomodo ou de tirar proveito de alguma oportunidade.
A hipótese que se pretende defender é que somos educados para o bem, para o previsível, para a paz e para situações de normalidade; sem grandes surpresas e sobressaltos. Assim, sempre que nos vem a necessidade de uma tomada de decisão, em um cenário já vivido ou, ao menos, próximo do que já tenha sido estudado, um dos anjinhos de alma reluzente e auréola brilhante, que sobrevoa o tal caldo cultural, nos vem em socorro, nos sussurrando alguma solução e logo as águas turbulentas se acalmam e a nave segue seu curso serena e altaneira!
Mais do que isso, quando os anjinhos não nos trazem uma resposta pronta, tocam suas trombetas, cuja sonoridade ecoa pelos ares e, quase sempre, Zeus envia alguma musa inspiradora e rapidamente se chega a um bom termo, sobre que ação tomar!
Desde de criança, a maioria das pessoas, sabe que, basta um lamento profundo, um choro desses de perder o fôlego, uma birra, ou quem sabe, um meigo olhar e uma solução nos virá em breve! As pessoas não são educadas para saber esperar e ter paciência! Muito menos para enfrentar a adversidade e o caos!
Ocorre que o mundo de hoje; super conectado, holístico, supra cultural, hiperacelerado, superconcorrido e interdependente, a nave cerebral está chacoalhando mais do que cachorro molhado! O velho caldo cultural está vazando pelos ouvidos, quando não escoando em vômitos para fora do universo lógico, até então, previsível e dominado pelo cérebro da maioria dos indivíduos, que, para o cenário atual, parecem ter sido educados sob o zelo e caprichos da avó.
Atualmente, quando alguém clama por socorro, invocando o caldo cultural útil que sobrou, vem um dragãozinho fumegante, soltando fogo pelas ventas, derretendo neurônios e fermentando ácidos encefálicos, que jorram pelas veias desde o córtex a envenenar ânimos e corroer vísceras! Se não bastasse, o monstrinho incinerante senta-se no ombro das pessoas e fica a sussurrar-lhes terrores de morte e previsões de falências! Diverte-se muito, pois atua em um campo muito familiar a ele e extremamente tenso ao seu hóspede. Nasceu do caos da maldade, da imprevisibilidade, da mutação contínua, diverte-se com as guerras, tem na morte um júbilo. Foi educado para o terrorismo, para espalhar o desespero, não tem caráter nem escrúpulos. Para ele, quanto pior melhor. Botou fogo nos colchões, torrando confortos e comodismos! Seu principal alimento é o medo das pessoas!
Há, no entanto, uma arma para arrancá-lo do teu ombro e essa arma se chama inovação. Não basta acelerar o processo velho. Não adianta correr mais, invente o teletransporte! É preciso inventar um processo novo! Mudar o mix de produtos ou de soluções! Interpretar os problemas por outras perspectivas! Por mais louca que possa parecer uma ideia, por exemplo, aliar-se a um concorrente; mudar de ramo ou de país; alugar ao invés de vender; dissecar os desafios do cliente e oferecer-lhes soluções inusitadas e, aos poucos, revisitar suas crenças, criando um novo modelo de negócios. Algo que asse o dragão em seu próprio fogo! Eu aprecio muito pescoço de frango assado. Imagino que o de dragão também deva ser bem apetitoso!
Um certo dia, uma organização chamada Skype, disse que passaria a oferecer serviços gratuitos de ligações internacionais via internet. Viabilizariam comunicação de voz e imagem de graça. As operadoras de telefonia tradicionais ouviram isso e acharam graça. Sabe-se que em 2008 o Skype já faturava US$ 500 milhões ano, possuía mais de 400 milhões de usuários e era responsável por mais de 100 bilhões de ligações no mundo. Geraram um rombo enorme no faturamento daquelas que riram dela. Os dragõezinhos Skype chamuscaram as penas dos anjinhos telefônicos enquanto se ocupavam em lustrar suas auréolas! A receita, do novo meio de comunicação, era originada por uma pequena parte dos usuários, que não se importava de pagar uma pequena quantia mensal, para gozar de alguns pequenos privilégios do serviço oferecido gratuitamente. Essa pequena parcela de usuários cobria todos os custos e tornava a operação lucrativa!
E você! No seu ramo de atividade, no seu tipo de negócios, o que poderia ser reinventado?
Abraço!
Marcondes 28 de Julho de 2015 02:33
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