Sobre as Sensações

Os sentidos são frutos dos contrastes.

Originam-se da capacidade de certos órgãos em captar impulsos que se destacam de uma base de referência homogênea, sobreposições que se distinguem em formas, matizes, odores, saliências, depressões, asperezas, viscosidades, contatos e sopros que tocam a pele em diferentes intensidades, sabores que divergem do gosto neutro da saliva, ecos e ressonâncias díspares da freqüência natural dos tímpanos.

Mas o que dizer da leveza, das sutilezas discretas que passam ao largo porque não transgridem os limites que tangem a acuidade dos sentidos humanos?

Assim como as cordas de um instrumento possuem diferentes afinações e ressoam em freqüências próprias, o meio interage com os indivíduos, interferindo em sua natureza, em suas bases de referências, tornando-os, ora mais argutos, ora mais ineptos. O tempo, as experiências particulares, as interelações e as circunstâncias a que cada um, em sua individualidade, se submete ao longo de uma existência, vão paulatinamente construindo uma base distinta de sensibilidade, afinando aos poucos as cordas de cada sentido, de modo a fazê-los ressoar em freqüências particulares a cada indivíduo.

Não é de surpreender que estímulos idênticos causem reações desiguais nas pessoas.

Cada um reage ao que sente, e se não sente deixa de reagir, pois não se estimula e, assim, não processa os impulsos que por ventura não tocaram as margens do próprio sentir, assim tendem a tornarem-se inertes enquanto outros reagem por terem sentido, portanto alguém que deseja aprofundar-se na área do conhecimento necessita aprimorar-se em sensibilidade. Quem o fez elevou-se entre tantos, pois nem sempre o acaso estará presente na vida do insensível.

 

2 comments on “Sobre as Sensações”

  1. Geraldo da Silva Junior Responder

    Parabéns!

    As palavras levam a realidade de cada um de nos, podemos refletir internamente mostrando a nossa realidade da vida real. Gostei muito…..

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