Por que “alimente teu lado místico” e não “alimente tua fé”? Embora “fé”, para mim, seja a palavra mais adequada, optei por “lado místico”, porque EU, homem livre para pensar o que bem entender e de modo particular, entendo a palavra “fé” como um vocábulo muito próximo de outro vocábulo chamado “religião”! Pois é por meio das religiões que se usa propagar aquilo que cada líder religioso, de cada distinta seita, costuma chamar de “fé”! Ainda que a fé possa chegar involuntariamente a qualquer um!
Religião, do latim religio, significa “louvor e reverência aos deuses”. Os etimologistas discutem bastante a respeito sobre a real origem etimológica da palavra “religião”. Muitos acreditam que tenha surgido a partir da junção do prefixo re, que funciona como um intensificador da palavra que o sucede, neste caso ligare, que significa “unir” ou “atar”. Portanto, religare teria o sentido de “ligar novamente”, “voltar a ligar” ou “religar”. Assim, o termo era utilizado como um ato de “voltar a unir” o humano com o que era considerado divino.
Segundo Hesíodo, como visto em meu último post, houve um tempo em que os homens viviam em comunhão com os deuses. A esse tempo, esse poeta, denominou “era de ouro”. Lembram-se? Com o passar do tempo, a vaidade e a arrogância, foi fazendo com que a humanidade se afastasse cada vez mais do divino, degradando-se para eras cada vez menos nobres e menos resplandecentes, ou seja, as eras de “prata, bronze, dos heróis e de ferro”. De acordo com um grande estudioso da cultura grega, romana e egípcia, Dr Victor D. Salis, estaríamos hoje vivendo a “era de plástico”, onde tudo é descartável e pouco valor ‘moral ou ético’ ostenta! Que tal?
Discordo do Dr Victor, com toda a admiração e respeito que tenho por ele. Estou mais propenso a crer que, atualmente, vivemos a “era de bosta”. Uma era em que encontrar uma pessoa, realmente, elevada, isenta, digna, honrada, nobre, ética, justa e que tenha uma vida muito orientada ao bem supremo e à verdade, que pressupõem-se ser duas grandes virtudes Divinas, é uma grande sorte ou uma rara exceção.
Pois bem! A religião começa a ter importância, quando, provavelmente, um grupo de iluminados, ao ver a deterioração da sociedade migrando do ouro para a ‘merda’, começou a pregar para que o homem voltasse a se “religar’ aos deuses ou, no caso dos monoteístas, se religar ao “Criador”, Deus único e detentor de todos os poderes!
Ocorre que a dureza do coração, a vaidade e o desejo de manter os privilégios de autoridade espiritual de cada distinto líder religioso, fizeram com que cada um deles profetizasse sua religião como melhor do que a do líder concorrente. Cada um deles crê estar servindo ao verdadeiro Deus, enquanto o outro não. Por ‘Deus’ são capazes de matar, explodir, destruir, punir, tolher, sacrificar e cometer atrocidades indescritíveis, com o propósito de alcançar a hegemonia de suas seitas. Cada líder serve ao seu ‘deus, ao seu próprio modo!
Muitos fazem da religião um meio de vida. Muitos se enriquecem! Tornam-se poderosos e abastados, enquanto os mais importantes profetas, que já passaram pela face da terra, sequer tinham uma pedra para repousar a cabeça! Nunca cobraram um centavo, para perdoar um pecado, executar um milagre ou ensinar os mistérios da fé! Faziam o que faziam por amor ao próximo e por crer que essa era a real vontade do Deus verdadeiro! Todos eles sequer assentaram um único tijolo para construir um local de peregrinação, pois passavam todo o tempo disponível, edificando todos os pobres de espírito que encontravam pelo caminho.
Existe sim, a questão da escolhida tribo de Levi, que com o propósito de honrar ao seu Deus e também cuidar dos protocolos e cerimônias na tenda sagrada, não executavam qualquer outra atividade, que os pudesse tornar impuros, de corpo ou de alma, para adentar ao santo recinto. Para que pudessem sobreviver, as demais onze tribos lhes regalavam com 10% de suas colheitas. Contudo, ao longo dos últimos 2015 anos, muito se tirou proveito desse argumento, para que muitos fizessem fortunas, uma verdadeira ‘farra do boi’, recolhendo dinheiro livre de impostos, de uma grande manada de ovelhas inocentes. Por conta disso, não me afeiçoo a qualquer religião, mas amo profundamente a Deus! Não creio no Deus que pregam, mas naquele que opera em minha vida! Preciso parar por aqui, caso contrário não chego no ‘lado místico’!
Crer que há algo além do ser natural é ‘místico’! Quem não crê que haja uma inteligência superior que pode vigiar e socorrer a humanidade, conta, apenas, consigo mesmo. Alguém assim, não permite que Pandora feche sua caixa em tempo de salvar a esperança! Quando o poder, o dinheiro, as vendas, as forças, a inteligência, o emprego e as habilidades desse alguém se esgotam, vê-se perdido, sente-se inerte, sente-se morto, sente-se um ‘bosta’! Lembra! “A era da bosta”!
Essa é a importância do “lado místico”! Pois este é ‘sobre natural’! É uma força que expande as possibilidades humanas para além da razão e do possível! Esse lado conduz o homem ao mundo do inexplicável! Uma das razões dos conflitos entre filósofos e cristãos era que os filósofos buscavam a iluminação por anos e anos de reflexões, galgando, de grau em grau, um certo nível de sabedoria, que os levasse a entender o verdadeiro sentido da vida e, com isso, perdiam até o medo da morte. Por isso, dizem que estudar filosofia é aprender a morrer. Para alguns orientais seria atingir o Nirvana. Porém, os profetas cristãos, de certa forma, diziam: Economize tempo! Para que anos e anos de reflexões e meditações de elevado nível intelectual? Apenas ‘creia’ e tua fé curará todos os seus males! Creia e moverá montanhas! Creia e nada temerás, nem mesmo o vale das sombras da morte! Tenha fé!
A fé é um instrumento místico! Pessoas muito humildes alcançam realizações inexplicáveis, talvez, porque não conseguiriam montar um raciocínio lógico, talvez, porque sua ignorância os afastou da lei das probabilidades! Não a conhecem! Todavia, são tão inocentes que chega a doer! É dessa inocência de criança pequena, que nasce o poder inabalável da fé! São como as pessoas que creram, quando em Cubatão, a Vila Socó inteirinha se incendiou, por causa de um vazamento de combustíveis. Tais pessoas creram que Deus os livrariam de morrer queimados. Creram que seu barraco não arderia em brasas, pois estavam convictos de que Deus estava com eles. Assim, eles e nenhum dos seus, sequer foram tocados por uma mínima labareda! Para os céticos, uma mera coincidência! Para os “místicos”, o poder da fé!
Mas o que fazem estes lunáticos intocáveis, a não ser pelo próprio Deus? Simples! Cultivavam o seu “lado místico”! Creem que Alguém maior, Alguém mais que humano, está no comando de todas as coisas e lhes dá discernimento de fazer o quê, quando e como, para livrarem-se de suas aflições! E como esse tipo de gente pode fazer isso? Oram com frequência! Elevam seus sentimentos à essa força sobrenatural e, sem dúvida, jamais se esquecem de agradecer por tudo o que têm e por tudo quanto alcançam!
Ah! Sim! Sobre mim? Pois bem! Creio ser um filósofo místico que te ama!
Marcondes, 18 de agosto de 2015 03:31
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