Quando te desabarem todos os sonhos, quando não te restar mais nenhuma esperança, quando todas tuas ilusões perderem o viço, quando tuas certezas já não fizerem qualquer diferença, quando todas as tuas perspectivas se dissolverem como papel ao cair n’água, quando todos os teus investimentos não puderem ser resgatados, quando todas as tuas posses te forem tolhidas, quando escarrarem em tua nobreza, quando tua amada não puder recostar-se mais em teu ombro, quando já não puder mais ouvir a voz dos teus filhos, quando teus irmãos já não puderem te abraçar, quando perderes toda a noção do tempo, quando todas as preces parecerem inúteis, quando o sagrado te parecer morto, quando te restar apenas o coração te inflando as veias, quando te tornares apenas um alvo, que não te tirem a honra! Infla teu peito de coragem e o cosmos se curvará diante de ti! Anos passarão e, talvez, quem sabe um dia reencontres um velho amigo, teu escudo, tua arma, teu ninho provisório, tua razão e teu porquê!
Outros bravos não te curvaram! O tempo, este sim te dobrou a espinha! Teus sentimentos e memórias te nocautearam. Quem sabe preferias ter partido junto a tantos que se foram de modo tão fútil. Quem sabe pudesses ter poupado a vida de tantos outros! Quem poderia compreender-te sem ter estado lá? Não te envergonhes por isso. Cumpriste teu papel. Por sorte tereis lutado por um motivo justo. Por azar tereis defendido a vaidade de quem jamais enviaria o próprio filho no teu lugar! Tua dor me compadece irmãozinho! Tu, bebê chorão; tu criança brincalhona; tu, adolescente rebelde; tu, soldado; tu, mestre de si mesmo! Tu, borra de fritura que sobrou na peneira! Quem poderia ver em ti a pepita que tu és? Enquanto isso, na terra da desonra, mata-se por pares de tênis, por times de futebol, pelo troco do ônibus! Melhor é ser como tu, que lutou como homem, que venceu a boa guerra. Tu, que lutaste como herói, não como uma matilha de cães selvagens, que já não matam por fome, mas por imbecilidade e completa idiotice! Tu, cuja medalha presa ao peito ainda te sangra o coração! Que Deus possa algum dia te ungir a cabeça com óleo e transbordar o teu cálice!
Marcondes 11 de Dezembro de 2013 01:40
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