Toda esperança, mesmo que tenra, traz em sua essência um clamor que anseia por luz. Cortado raso em seu orgulho, tombado na batalha das adversidades e posto à prova do fogo inimigo, jamais sucumbirá aquele que traz em seu íntimo um átomo de fé. Seiva poderosa que revitaliza os escassos recursos e potencializa as mínimas possibilidades, só ela, a fé, tem o poder de subjugar todo o infortúnio em favor da prosperidade.
Olhai ao redor com desprendimento e encontrarás vida por toda a parte, pois ainda que a boa árvore pereça, terá espalhado sementes de ânimo e ressurreição por toda a terra. Não usufruindo de vontade própria, a árvore não pensa e nem goza do livre arbítrio, contudo vive! Não teme o futuro e nem se vangloria do que foi ou é. Nada pede e de nada reclama. Apenas se submete ao seu destino, seja ele qual for. Desde que o mundo é mundo cumpre o seu papel, florescendo na primavera e dando frutos no outono, por puro prazer. Não pode controlar o clima e nem as estações, todavia, expressa sua alegria, o mais que pode, por meio de cores e aromas.
Muito me alegram os ipês, os manacás, as quaresmeiras que colorem as calçadas de Santo André, cidade onde moro. Árvores que se enchem de graça ao som de maritacas, periquitos, bem-te-vis, joões de barro, colibris, sabiás e assanhaços. Amigas e benfazejas, abençoam os passeios com lindos tapetes de diferentes matizes, embora, haja quem as deteste por tudo isso. Talvez porque não nasceram na roça, como eu.
Apesar disso, árvores não se dão presentes, não ceiam, não fazem simpatias para a virada do ano e nem tem esperanças. Já nascem com ela intrínseca à própria existência! Árvores, exceto os ciprestes, não sabem o que é o Natal. Tenho notícias apenas de uma figueira que veio a conhecer o filho do homem! No mais são, extremamente, pacíficas. Se estragam algum bem humano, na maioria das vezes, é porque alguma ventania lhe deu um trança pé!
Pois bem! Não quero, com isso, dizer que deveríamos ser como árvores! Mas, e nós? E eu e você? O que faremos do Natal e do Ano Novo? Como iremos cumprir com nossos desígnios espirituais? O que faremos para espalharmos nossas boas sementes? Que contribuição daremos ou deixaremos para o bem da vida? Pois que nosso Natal seja mais do que uma ceia, que ultrapasse a troca de presentes e os beijos e abraços. Que o Ano Novo nos traga ânimo para uma renovação de ânimos, esperanças e consciências. Que possamos exercer toda a nossa influência em favor de um país mais justo e de um povo mais fraterno, mais solidário, mais culto, mais abastado e feliz!
Grande abraço e muito obrigado por sua amizade e companhia ao longo desse ano que se finda!
Marcondes, 23 de dezembro de 2016 04:15
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