O mundo está infestado de palavras. Muito se fala, pouco se ouve e quase nada se interpreta. De modo geral, as pessoas estão muito mais interessadas em expressar suas certezas individuais do que aguçar a audição para uma verdade mais ampla que, talvez, possa abalar a estrutura de suas, muitas vezes, insustentáveis convicções. Isso ocorre, frequentemente, por contada da vaidade instalada dentro de cada um. Para muitos, o princípio da liderança consolida-se no “impor-se sempre, retrocedendo-se nunca, rendendo-se jamais”. No máximo, equivocando-se por culpa de algum terceiro que será, exemplarmente, punido . O desejo de fazer-se, por demais, notado, ensurdece o incauto. O melhor modo de aprender sobre as pessoas e suas verdadeiras intenções é ouvi-las com atenção e reservas, pois, palavras são apenas promessas. Uma pessoa digna de honra é aquela que cumpre o que fala e assume as consequências e desdobramentos do que falou. Quanto mais se fala, mais se expõe as entranhas da própria ambição. Um ouvinte atento poderia, facilmente, embrulhar um falador em sua própria teia de argumentos, comparando o teor de seu discurso com o corolário de suas realizações. Na maioria das vezes a verdade não está nas palavras proferidas, mas nas intenções que as levam a ser pronunciadas, seguidas pelas atitudes que as emolduram. Muitos têm feito fortunas e alcançado o topo do poder por conta da eloquência inconsequente. Aprenderam a sensibilizar multidões, graças ao uso de palavras dramáticas, porém, sem lastro moral e sem nenhuma sustentação ética. Embora o momento possa trazer à lembrança mais o escopo político, muitas sociedades, ao redor mundo, apodrecem, porque as palavras são utilizadas para propósitos escusos em todas as instâncias. O propósito único é, quase sempre, o de atender a ganância de poucos, em detrimento, do sofrimento inconcebível de todos os demais. Cabe ressaltar, portanto, que tanto o falar, quanto o ouvir são muito importantes. Porém, para “ouvir” bem, não basta ter orelhas! Ao que parece, tudo o que se fala, visa o benefício particular dos mais próximos, ou seja, dos membros da confraria, que sugam o seio farto que, por direito, não lhes é exclusivo, mas que ao ver desses poucos, estando os seus amigos e parentes “bem”, pouco importa se uma legião de infelizes sucumbem desnutridos. Embora as palavras pareçam ser tão poderosas, quantos de nós já não perdeu horas de sono, embalados pelos sonhos despertados pelas possibilidades de desdobramentos de um simples olhar correspondido! Um olhar desejoso, quando correspondido, quase sempre, arrepia a alma e inebria o coração de entusiasmo e, tudo isso, sem o uso de uma única palavra! O mundo padece de falta de amor e de sensibilidade. Uma ótima semana a todos!
Marcondes 02 de Junho de 2014 03:35
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