A perfeição vem com a repetição. Quanto mais se faz, mais se aprende fazer. Estudiosos da administração chamam a isso de curva de aprendizado. Uma outra curva também importante é a curva de escala. Quanto maior for o volume de produção (escala), menor será o impacto dos custos fixos na determinação do preço unitário de um determinado bem produzido, possibilitando a prática de preços mais acessíveis aos bolsos menos privilegiados. Preços reduzidos geram maior volume de vendas e, deste modo, se dá início a um círculo virtuoso de produção e vendas, enfim, de êxito empresarial. Contudo, é imprescindível que o produto, o atendimento e os serviços, superem as melhores expectativas de satisfação dos clientes objetivo, sendo ainda, mais cativantes do que o que poderia fazer qualquer um dos concorrentes.
Podendo-se dividir os custos fixos (aluguel, água, energia, telefone, honorários contábeis, pró-labore dos sócios + encargos sociais, salários + encargos sociais, materiais de escritório e de limpeza, IPTU, leasing, etc.) por uma produção de 100 mil unidades por mês, uma parcela bem pequena desses custos será alocada ao custo de cada produto fabricado. Porém, se a produção for de apenas mil unidades por mês, a parcela de custo fixo a ser alocada por unidade produzida, será muito maior e os preços terão de ser maiores. Óbvio! Deste modo, quanto mais produtos e serviços agradarem o público desejado, maiores são as possibilidades de se vender mais. Vendendo um volume maior, mais produtos terão de ser feitos, aumentando, assim, a prática de fazê-los e mais diluídos serão os tais custos fixos.
Altos volumes de produção, acompanhados de altos volumes de venda, proporcionam a entrada de elevadas quantias de dinheiro no caixa da empresa, ou seja, um expressivo faturamento. Com mais dinheiro no caixa, a empresa poderá investir mais na melhoria dos processos. Por exemplo, investir em máquinas automatizadas, programáveis por comando numérico computadorizado, que quase não dependem da interferência humana para produzir. Algumas dessas máquinas fazem sozinhas o trabalho de várias pessoas trabalhando em máquinas convencionais ou mais simples. Tais máquinas tecnologicamente mais avançadas, trabalham 24 horas por dia, ininterruptamente. Além disso, fazem exatamente o que foi programado, sem qualquer tipo extra de encargos e não reclamam de nada.
Máquinas não têm espírito, nem sentimentos, nem opinião, nem família, nem filhos, não tiram férias, nem licença maternidade, não faltam ao trabalho, não adoecem, não reclamam de trabalhar sem cessar (inclusive aos sábados e domingos), não participam de campanhas salariais, não fazem protestos e mantêm ritmo constante de trabalho, sem ostentar qualquer tipo de variação de humor, ainda que sob um regime de altíssima produtividade. Quando forem substituídas ou sucateadas, já terão compensado, centenas de vezes, o investimento que nelas tenha sido feito. Além disso, quando postas fora de combate, não engrossarão as fileiras do SUS e nem ficarão à míngua sobrevivendo de injustas aposentadorias.
Por conta desse estado de coisas, instaurou-se no mundo industrial o regime de trabalho ½; 2; 3, ou seja, metade das pessoas, trabalham o dobro e produzem o triplo do que ocorria há duas décadas passadas, conforme li certa vez em um livro. Me foge à lembrança os nomes do livro e do autor. Nas indústrias têxteis, por exemplo, as oficinas cospem peças de jeans aos milhões, todas absolutamente precisas, idênticas, bem acabadas e de altíssima qualidade e precisão de corte e de costura. Embora variem os modelos, com os bilhões de seres humanos que habitam a terra, não é muito comum que duas pessoas se encontrem, vestindo exatamente o mesmo modelo de roupa. Todavia, se assim ocorrer, e a etiqueta for de uma marca famosa, apenas contribuirá para um maior nível de afinidade entre elas.
Certamente, há cada vez mais produtos precisos, perfeitos, bonitos disponíveis no mercado e a preços cada vez mais acessíveis, graças a tudo que já se descreveu anteriormente. Uma pena que já não haja tanto emprego no mercado. Com menos empregos e com tantos profissionais temerosos de serem, a qualquer momento, substituídos por uma máquina autônoma, acabam comprando menos. Creio que o grande problema para o capitalismo selvagem é as próprias máquinas não poderem ser, também, clientes. Ao menos até o momento! Todavia, não me surpreenderia se, em um futuro próximo, Ciborgues e Robocopes se tornassem também reais consumidores. Quando isso ocorrer, penso que os clientes humanos serão mais dispensáveis!
Nossa! Psssiu!! Me perdoem, a conversa está tão boa que me esqueci que não estamos sós! Temo despertar Fátima, a costureira. Adormeceu de cansaço, pobrezinha! Costura como ninguém e faz tudo sob medida e personalizado. Na verdade, já não tem tantos clientes. Trabalha mais para a família e amigos mais próximos, porém, as roupas que produz, tem algo que ainda não encontrei em nenhuma roupa industrializada. Sabe o que é?
Amor!
Marcondes 06 de maio de 2014 23:18
14 comments on “Reflexão sobre o trabalho de Fátima!”