Não penso; a parte isso, existo! Não posso retribuir afagos, mas posso sentir os teus. Não tenho como interferir em meu próprio destino. Se quer sei abanar o rabo em sinal de contentamento, porém, sinto a paz que me desejas. O que não me exprime a língua, transmito pelo semblante. Não ajunto, nem cultivo, não creio, nem duvido, todavia, aceito de bom grado tua oração. Não tenho como me elevar, pois não medito e nem oro, sou objeto de sacrifício em favor de teus semelhantes, os quais, bem diferentes de ti, pouco me respeitam, porém, tanto me desejam sobre as brasas ou sobre a mesa, para então, matar-lhes a fome ou também cobrir-lhes o corpo ou, ainda, calçar-lhes os pés. Me multiplicam aos milhares, sem me darem conta alguma. Tudo o que tenho é instinto, ou seja, apenas intuo, mesmo assim, existo! Consigo discernir entre a boa e a má intenção, por isso, ó pequena criatura, me sensibilizo por teu caráter e me submeto ao teu amor. Filhos de um mesmo Deus temos propósitos distintos e os cumprimos, de acordo com os desígnios que trazemos desde o ventre de nossas mães. Portanto, não me deves favor algum, mas por tua atitude, ó meu doce infante, a ti, toda a minha ternura!
Marcondes 17 de Março de 2013 22:36
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