Janus foi um deus romano, estranho e feio a meu ver, que deu origem ao nome do mês de Janeiro. Janus tinha duas faces, uma olhando para a frente e outra para trás. Assim e desde então, em 1º de Janeiro estaremos nós divididos, com metade do nosso ser voltado para a retrospectiva do que nos ocorreu no ano que se foi e a outra metade voltada para nossas expectativas, em relação ao ano que se inicia. Como mortais e não deuses; do passado “pensamos “ tudo saber, ao tempo em que do futuro, “cremos“ poder, apenas, suspeitar; e assim o é, quando tomamos por pressuposto a lógica, tão aclamada por Aristóteles, ou a razão, tão presente no pensamento de Montesquieu.
Há ainda os céticos, como Pirro, que de tudo duvidam e jamais creem em verdade absoluta. De todo modo, há outros, pouco considerados, que são convictos de que tudo pode ser influenciado, e muito, pela intuição, pelo presságio, pelo pressentimento, pelos sonhos, pelo entusiasmo, pelo amor, pela caridade, pela bem aventurança, pela paixão, pelo sentimento, pela sensibilidade, pela coragem e por tantas outras subjetividades. Não há dúvidas de que é muito difícil cruzar um rio, pisando em pedras submersas em águas turvas. Mesmo que essas pedras estejam a um centímetro da tona, pois não as podemos ver. Só se pisa no que os olhos confiam. Afinal, quem foi presa por séculos já cravou em seu âmago mais íntimo a total desconfiança. Quem poderia culpá-los por isso? Todavia, ver unicamente com os olhos é limitante.
Há, porém, aqueles, embora raríssimos, que veem com os ouvidos, que enxergam com o faro, que avistam pelo tato, que distinguem com o coração e que tudo podem pela fé! No entanto, como tudo isso não tem lógica; foge à razão; espera-se até que baixem as águas para então atravesar o referido rio. Quiz o destino, que Janus fosse um deus, estranho e feio, principalmente, quanto a face que olha para frente, cujo propósito é esse mesmo; por medo. Por meio do temor, controlar as mentes e assegurar a parca subsistência. Sob outra perspectiva, como mortais, se Janus fosse uma deusa chamada Jane ou, quem sabe, Liv Tyler, é difícil predizer o que ocorreria à humanidade, talvez não sucumbissem por medo, mas, quem sabe, por ciúmes, por paixão ou por inveja de quem dela fosse íntimo, contudo, com certeza, seria muito mais inspiradora de uma existência farta. Seja isso, ou seja aquilo, que o amor inunde o teu coração em 2013 e te faça ver o quanto cada um pode ser belo mesmo sem ser lindo e o quanto se pode realizar, mesmo quando tudo parece estar contra a razão e a lógica. Que você seja muito feliz no Ano Novo!
Marcondes 29 de Dezembro de 2012
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