Para Ardinello!
Há uma semana o mundo perdeu um semeador de árvores! Um apaixonado por madeira de lei. O fato de ter sido marceneiro lhe deu essa virtude. O cheiro da madeira lhe era tão familiar que era capaz de distinguir uma da outra pelo aroma. Conhecia às árvores à distância. Aprendi com ele a identificar um pé de cedro de longe. Viajava quilômetros, às vezes à pé, para colher sementes de canela noz moscada, canafístula, ipê, cedro. Colhia centenas delas e as plantava em saquinhos de terra. Depois que as mudas estivessem firmes, saia procurando um bom lugar para plantá-las. Homem muito simples, humilde, tímido, honrado e absolutamente transparente. Em minha memória fica tua imagem com a inseparável calça de brim azul e uma camiseta Polo (com bolso) e todo salpicado de serragem. Convidado à cerimônia de bodas de ouro de um amigo, do qual havia sido padrinho na época do casamento, aceitou o convite desde que pudesse vestir o paletó por cima de uma camiseta Polo. Apreciador de uma caninha, à qual chamava de aperitivo, fumante e apreciador de música sertaneja era uma pessoa autêntica. Há pessoas que muito nos ensinam pelo tanto que estudaram, outros porém, nos ensinam tanto, sem nada ter estudado. Conheço muitos que parecem ter sido concebidos por uma transferência de dados via wireless, você, no entanto, nasceu da terra e em suas veias corria seiva vegetal, seus pés eram raízes e seus braços eram galhos de árvores. Reconheço o direito de Deus em requisitá-lo, mas cara!! Você vai fazer muita falta entre nós. Que seus netos herdem de ti igual amor pela natureza! Ser teu genro foi uma grande honra. Você é uma das minhas referências!