Quando alguém escreve para si mesmo, pode escrever como bem entender. Desde que seja capaz de recuperar a mensagem registrada quando, assim, lhe convier! Por outro lado, se estiver escrevendo para que outra pessoa leia, por exemplo, um professor, um entrevistador, um “head hunter” (caçador de talentos), um cliente, um superior ou ainda um colega de uma outra área organizacional, é preciso ser claro e objetivo. Se estiver escrevendo à mão, mesmo que lhe custe o dobro do tempo, é melhor desenhar as letras do que correr o risco de que sua mensagem ou respostas não sejam entendidas.
Quanto mais agradável for a leitura para a pessoa que for ler, quanto melhor organizados estiverem os assuntos, quanto mais evidente estiverem os motivos que levaram à elaboração do texto, tanto melhor será! Quem escreve, deve evitar garranchos, tanto quanto letrinhas muito miúdas. O “n” não pode ser confundido com “m”, nem o “m” com um “in”, o “f” com um “g”, o “p” com um “s” e assim por diante. Um “P” com uma perna curta pode ser confundido com um “o”!
Se o texto for digitado, escolha uma fonte que de boa leitura, evite fontes miúdas ou rebuscadas. Essa é a razão do “word” do pacote “office” da Microsoft, ao ser aberto para a edição de um novo documento, já vir em fonte “Calibri” ou “Times New Roman”, pois são fontes que oferecem boa leitura em textos corridos. Para uma placa de trânsito que possui outros propósitos e deve ser lida de outra distância a 80 km por hora, seguramente outras fontes ofereceriam melhores resultados!
Muitos são aqueles que, ao escreverem à mão, deixam de obter um pedido de compras, a aprovação no exame da faculdade ou o emprego ao qual se candidataram, não por incompetência, mas porque o comprador, o professor ou o avaliador, não conseguiu decifrar a letra da cotação, da prova ou do teste profissional respectivamente.
Se o texto for digitado o problema de interpretação da letra será, praticamente, eliminado, contudo, se o encadeamento do assunto estiver confuso, quem escreveu, poderá, ainda assim, não atingir seus objetivos.
Antes de escrever qualquer coisa o emitente deveria pensar:
- Para quem se está escrevendo? (público alvo)
- Que tipo de linguagem cairia melhor? (técnica, genérica, formal, coloquial, etc.)
- O que se deseja? Qual o objetivo do texto?
- Por que se deseja o que está sendo solicitado?
- Para que data seria oportuna uma resposta?
- Que benefícios serão obtidos com o andamento do assunto?
- Onde ocorreu ou ocorrerá? Onde será aplicado?
Ao escrever, deve-se evitar a repetição de palavras ou suas derivadas em sequência. Exemplo: Os produtos produzidos em nossa produção…! (Arrrhhh! Até me arrepia!). Ficaria bem melhor: Os produtos fabricados em nossas instalações fabris! A língua portuguesa é riquíssima e nos oferece uma infinidade de alternativas, de opções, de maneiras, de recursos léxicos, de possibilidades, para se dizer a mesma coisa com palavras diferentes. Se não for comprometer o entendimento, evite repetir palavras, principalmente em um mesmo parágrafo.
Cada texto deve discorrer, de preferência, sobre um único tema. Cada parágrafo deve tratar de apenas um assunto. Cada sentença deve exprimir uma ideia. Deste modo, é melhor evitar que o texto sobre as próximas férias coletivas trate também da mudança do plano de saúde! O parágrafo que convoca o funcionário para a palestra sobre “lean manufacturing” (manufatura enxuta) traga também o curriculum do palestrante. A frase que expressa a noção de urgência do treinamento, seja ela mesma a portadora dos benefícios proporcionados pelo evento!
Concentre-se nos verbos, evite o mais que puder os adjetivos, evite conjunções que estendam os parágrafos. Terminou uma ideia, ponto! Outra ideia, ponto; parágrafo! Os parágrafos devem ser curtos. Se forem longos desanimam a leitura.
Lembre-se! A diferença entre o remédio e o veneno é a dose! Querer exibir todo o seu conhecimento, ou tudo o que sua empresa faz em um único texto, pode tornar o texto longo, enfadonho e espantar o leitor! Eu mesmo já estou roxo com esse meu post que já passou de uma lauda! Faça como o colibri! Uma flor por vez! Leia muito! Jamais conheci um bom escritor que antes não fosse um assíduo leitor!
Marcondes, 13 de março de 2016 02:48