A vida humana tem sido uma preparação contínua e sem retorno rumo ao futuro. Uma viagem sem fim em direção a algo melhor, ou no mínimo similar, ao que lograram nossos pais e outras pessoas que, por algum motivo, tornaram-se nossas referências de êxito ou para quem nos tornamos promessas de superação.
Embora possamos ser tanta coisa à luz das comparações menores, quando nos vemos sob a perspectiva de nossas próprias ambições, na maioria das vêzes, estamos sempre a dever. É comum pensarmos que somos menos do que poderíamos ser e, por razão disso, submetemo-nos a um eterno por quê: por que me tornei só o que sou se poderia ser tanto? O que fiz ou deixei de fazer para que me restasse ser apenas o que sou?
Embora tenhamos contabilizado tantas vitórias sob o julgamento de tantos, ainda que verdade, tais vitórias pouco significam, se não forem reconhecidas por aqueles a quem nos julgamos cativos, sejam estes amores ou pessoas a quem devemos respeito e consideramos superiores.
Hoje, à mercê do trânsito enfadonho e infindo, nos perdemos em pensamentos sonhando poder ser tanta coisa, que às vezes nos custa saber, qual seria nossa melhor opção de êxito. Ocorre que não nos damos conta de que entre os milhares, talvez milhões, de pessoas que alí, a sós em seus automóveis, enfileirados por ruas, marginais, estradas e avenidas, pessoas estas que também pensam poder ser a mesma coisa que tanto desejamos, não seria possível haver lugar para tantos no mesmo pódio.
A grande verdade é que somos o que somos e não aquilo que pensamos ser, assim como também não somos o que tantos crêem que sejamos. Mas se nem nós e nem os outros podem definir exatamente os limites do que somos, que saída temos para extremar todo o nosso potencial de realizações?
De tantas respostas possíveis, a que me parece melhor é a renúncia do eu próprio, o deslocamento do foco no si mesmo para o universo externo. Quando uma pessoa deixa de existir para si e apaixona-se pelo próximo, torna-se um instrumento de amor, não só porque será regido por decisões isentas, mas também porque suas atitudes serão suficientemente nobres para que se sinta em paz consigo mesma.
Quando isto acontecer já não terá tanta importância saber se somos isto ou aquilo, pois a felicidade habitará na consciência do quanto pudemos contribuir para que tantos que pensavam nada ser, pudessem alcançar a consciência do quanto são e o quanto podem fazer para que todos sejam um dia tudo o que deveriam ser.
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