A difícil arte da Liderança!

meu-time

Chegar ao posto de principal executivo de uma organização é algo reservado a poucos. Manter-se nessa posição por anos a fio é bem difícil, porém, desafio maior é saber a hora de parar e transferir o legado sem apego, com serenidade, segurança e equilíbrio.

François Mitterrand foi o mais longevo presidente da república francesa, estando à frente do ilustre país por 14 anos. Proporcionou grandes avanços sociais ao seu povo e foi um dos mais importantes líderes globais em seu tempo. Apesar disso, como ocorre com todos os grandes dirigentes, um certo dia deixou o poder. Atrás de si, firmou um legado de grandes realizações, contudo, segundo alguns críticos, falhou em uma das principais funções que um líder deve cumprir; preparar seu sucessor, formar novos líderes.

Após anos de esforço e dedicação para chegar ao topo, é natural que um certo apego se apodere do líder. Afinal, chegar a essa posição lhe custou muito suor, muitos sacrifícios, muita habilidade técnica e, quase sempre, muita competência para angariar apoio político e anular o efeito das ações de seus opositores. Exceto se for filho ou algum apadrinhado do rei. Cabe ao líder saber ouvir e saber o que, quando, como, quanto e para quem falar. Entender a cadeia de valores de quem lhe possa conferir poder e agir nessa direção, a fim de obter o devido prestígio, para que o êxito lhe sorria.

Se por um lado o nível de cobrança e a responsabilidade do líder aumenta sobremaneira, por outro lhe confere autoridade para decidir sobre o destino de muitos. Tal poder arregimenta ao seu entorno uma legião de bajuladores e, muitas vezes também, de invejosos. Por outro lado, pode ainda ter acesso a pessoas éticas, de bom caráter, de valor e sobriedade, que poderão ser bem ou mal aproveitadas por ele.

Se for um líder autêntico, se cercará de gente talentosa, que lhe exigirá muita inteligência para manter-se à frente de comando. Se for um falso líder, optará pela mediocridade e encontrará formas de se livrar de quem lhe possa fazer sombra, em outras palavras, ameaçar sua posição hegemônica. Todavia, como diria Bernini, um filósofo amigo meu: ‘ É assim porque é assim! ’. Isso, desde que o mundo é mundo, faz parte da natureza humana e, portanto, não há culpados nisso tudo.

Todo império tem seu início, mas também tem seu fim e esse fim pode servir de inspiração para as muitas gerações futuras ou ter um fim patético. A experiência tem mostrado que o ‘bem supremo’ sempre vence. Pois quem se sustenta por meio de inverdades, mais cedo ou mais tarde, cairá por terra e envergonhará não só a si mesmo, como cobrirá de vergonha os próprios descendentes.

Um grande líder, sempre será amado pela maioria de seus seguidores, porém, nunca pela unanimidade. Será, também, odiado por seus opositores. Pelo bem ou pelo mal, jamais será esquecido. Tanto num caso, quanto no outro, sempre servirá de referência! Todavia, jamais passará incógnito por seu tempo. Amaldiçoado pelos inimigos e bendito pelos amigos, terá como juiz de seus atos a sua história e as suas realizações, pois, contra fatos não há argumentos!

Se considerarmos que a perfeição absoluta só cabe a Deus, por certo, não houve e sequer haverá um líder perfeito. Todavia, aquele que entende a própria missão como conduzir ao êxito somente a si mesmo, comete um grande erro, pois o sucesso pessoal deve ser apenas uma consequência das decisões e atitudes de um verdadeiro líder. Muito mais do que servir-se, o verdadeiro líder sabe que deve, antes de tudo, servir a quem o promoveu a essa condição e àqueles que o seguem e nele creem.

Todo líder que se torna indispensável é um centralizador contumaz e apaixonado por si mesmo. Ama ser o centro das atenções. Em geral, é aquele tipo de pessoa, que em seus momentos de solidão, em frente do espelho, olha para a imagem refletida e diz aos próprios ouvidos: “ Eu sou foda! ”. Não vê que, por mais que realize, estará limitado a própria capacidade e vanglória.

Por outro lado, um líder competente, descentraliza, ao máximo, o próprio poder, fazendo de cada liderado um decisor inteligente e ativo. Desse modo, se tiver 20 liderados, multiplicará a velocidade de decisão por esse numeral. Será 20 vezes mais veloz na geração de resultados! Em outras palavras, embora no início de suas atividades, um líder possa ser altamente ativo e, talvez, um grande interventor, ao fim do processo de intervenção, deve ter como missão tornar-se absolutamente desnecessário, em face à competência de seus liderados. Tudo deverá seguir naturalmente no rumo do êxito sem que precise aparecer.

Toda vez que falo sobre isso, me lembro de uma vez em que expressei essa minha convicção à minha equipe, quando ainda trabalhava da Sandvik. Disse, então, a eles:

─ Queridos! Queria que soubessem que minha missão aqui, como gerente de vocês, é tornar-me absolutamente inútil e desnecessário!

Mal terminei a frase e ouvi da pessoa mais espirituosa entre eles a seguinte resposta:

─ Gente! Só ele que ainda não percebeu que já é um inútil!

Rimos todos juntos e, até hoje, guardo com carinho aquele momento de descontração, entre aquelas pessoas por quem tenho grande estima.

Marcondes,    03 de Outubro de 2016     02:34

4 comments on “A difícil arte da Liderança!”

  1. Aldeci Santos Responder

    Velhos tempos que deixaram boas lições !
    Também tenho grande estima por tí e agradeço por seus ensinamentos.

    Grande abraço.

    • viniciuscastro2014 Responder

      Grannnnnnnde Aldeci!
      Em verdade aprendemos um com o outro sempre!
      Grannnnnnde abraço meu irmão!
      Marcondes.

  2. Sandra R.V. Rodrigues Responder

    Grande lider é assim mesmo.Deixa a gente meio orfão quando se vai, com ciúmes quando se aproxima de concorrentes,mais sempre vivo em nosso coração.Foto linda, cheia de boas lembranças…

    Abração.
    Sandra.

    • viniciuscastro2014 Responder

      Estimada Sandra!
      Fico muito feliz por suas palavras.
      Tudo tem seu tempo.
      Vivi anos felizes enquanto estive junto a vocês na Sandvik.
      Guardo com carinho boas lembranças.
      Fico feliz que acompanhe meus textos no blog.
      Muito obrigado!
      Espero que estejam todos bem por aí!
      Grande abraço!
      Marcondes.

Deixe uma resposta