Conquistas devem ser celebradas!

01234 abcde brindando o vinho

As pessoas, de modo geral, desde a adolescência, são orientadas a investir nos estudos a fim de garantirem um futuro melhor do que aquele que tiveram seus pais. Nesse sentido, são incentivadas a serem bons alunos, a fazerem um curso técnico para ter uma profissão (o quanto antes), a aprender inglês, a dominar  o pacote office da Microsoft, a fazer uma boa faculdade. De preferência, escolhendo algum curso que lhes garantam um estágio em alguma organização multinacional. Esperando, também, que esse estágio se converta em um bom emprego com um salário dígno. Se possível, entre uma etapa e outra, quem sabe, um ano de intercâmbio nos EUA ou em algum outro país da Europa. Posteriormente, já  inseridos na mentalidade característica de nossa sociedade organizacional, provavelmente, fazer um MBA na USP ou na FGV. E quem sabe, se cair nas graças da matriz, ser expatriado para alguma subsidiária do primeiro mundo e obter, por justo mérito, o incontestável respeito outorgado a quem possa ostentar uma carreira internacional.

Um planejamento bem feito renderá a muitos o tão esperado sucesso. Porém, há que se levar em conta que os estudos compõem apenas parte dos pré-requisitos necessários para tanto. Mais do que estudos, para se chegar ao topo é preciso, também, ter competência política. Investindo nos relacionamentos certos, estando no lugar certo na hora certa, falando na hora de falar, calando-se na hora de calar. Reagindo quando couber reagir, retroagindo (com inteligência), quando houver chance de perder. Atacando, quando houver certeza de vencer. Sendo claro, objetivo e assertivo. Tratando os inimigos com respeito e dignidade, mesmo quando vence-los e tantas outras ações, já tão bem descritas em “O Príncipe” de Maquiavel. De todo modo, há que se ter sabedoria, equilíbrio e ‘estômago’! Quem abre mão de entrar no jogo político, pode estar colaborando para que algum tirano, ou alguém, que não mereça, assuma o poder. Assim, o melhor a fazer é desenvolver e liderar uma política do bem, que privilegie o justo mérito (antes que a do mal se estabeleça) ou, no mínimo, aliar-se à facção dos bem aventurados.

Tudo o que foi descrito nos dois parágrafos anteriores, somado às outras ações que esse texto o levou a pensar, porém, aqui não foram contempladas, pode, então, garantir que um executivo chegue à margem dos 60 anos de idade com uns 45 de empresa e no topo da cadeia alimentar.  Ao chegar-se nesse ponto, em uma bela tarde, o jovem presidente recém empossado, reunirá todos os colegas do departamento no salão nobre, juntará a esses alguns convidados e dará uma festa, com discursos e presentes ao honrado veterano. O agradecerá por todos aqueles anos de bons préstimos à companhia e lhe entregará um relógio de ouro, com o nome do mesmo gravado. O despedirá com todas as honras e desejará que, daquele dia em diante, o grande homem aproveite a vida e curta o seu tempo livre com a esposa, filhos e netos. Desejará que viaje e faça valer a pena ter nascido! Desse modo, após a cerimônia, o nobre colega esvaziará as gavetas da mesa do escritório, tomará seu paletó, seu chapéu e o rumo de casa. Sim! Casa! Esse lugar sem reuniões, sem compromissos, sem metas, sem budgets, sem atrasos, sem prazos de entrega, sem reajustes, sem cobranças, sem clientes, sem subordinados, sem secretárias, sem concorrentes, sem market share, sem e-mails, sem telefonemas, sem as pressões que o faziam tão importante ao resolvê-las e muito, muito tempo livre e muita paz. Até que, por conta desse sossego todo, o pobre homem morre!

Como assim! Morre?! Sim, morre! Uai! Porque tudo o que fez, ‘ao longo de toda a vida’ foi voltado à carreira e ao trabalho. Deu tanto de si para o êxito profissional, que faltou de si mesmo para a vida! Nunca planejou o momento de parar, não se preparou para o ócio, o lazer, a contemplação, o descanso, o desfrute, a vida sem a empresa e sem o  cargo importante! Não tem a mínima noção do que fazer com tanto tempo livre. Começa a querer impor ritmo de empresa à esposa e aos filhos e logo a implicância fará do lar um infortúnio. Reunir-se com os amigos? Que amigos? Os da faculdade e da juventude já o esqueceram. Tornou-se importante de mais para ser incomodado com um convite para o show dos Rolling Stones no Anhembi, para o baile do Havaí no Aramaçan, ou para a cerveja no boteco da Xirley! Imagine se um homem de tal estirpe estaria disposto a rachar um frango assado, que um amigo ganhou na rifa do afamado recinto! Os amigos da empresa, ficaram todos lá e seguem super ocupados, dado o turbilhão organizacional de sempre. Acabou-se a empresa, acabou-se o assunto! Conversar com quem sobre o quê?

Felizmente, esse não é o meu caso e, talvez, não seja o seu, mas não me surpreende saber que muita gente boa termine a vida assim, pateticamente. Por isso, creio que tão importante quanto planejar o trabalho é planejar o ócio, a manutenção das amizades, afinal, há muita vida em outros espaços e ambientes além dos muros do escritório ou da fábrica! Desfrutar de nossas conquistas não é pecado. Entre um compromisso e outro, entre uma missão e outra, separe um tempo para fazer absolutamente ‘nada’, curtir o ócio e  ser feliz, enquanto tens energia para tanto!

Marcondes                          04 de Agosto de 2014                              19:08      (Isso mesmo!)

 

20 comments on “Conquistas devem ser celebradas!”

  1. Marcos Responder

    Marcondes, falando baixinho só pro cê escutar, ainda bem que ocê tem seu violão e eu o meu sax e nós, muita disposição para dividir o franguinho, o copo e a música que ainda temos para a nossa alegria e a dos nossos compadres. Abraços!
    Marcos.

    • marcondes Responder

      Olá Marcos!
      Quando eu era criança (12 anos), passava as férias no sítio do meu avô.
      À noitinha, sentávamos, meu avô e eu, na taipa do fogão de lenha. Antes de dormir, meu avô gostava de pitar um cigarrinho de paia. Tomava uma pinguinha e, enquanto isso, ia me contando histórias dos tempos antigos e algumas de assombração. De vez em quando ele puxava na voz uma moda de viola:
      “Vou queixar da minha vida, ora veja se eu tenho razão! A moça que me namora eu não tenho a curpa não! Por eu ser dilicadinho, miudinho de feição! Por seu ser namorador, tenho gozado um vidão!”
      Ele puxava a segunda e eu fazia a primeira!
      O tempo passou e levou com ele o meu avô, mas não a lembrança!
      Hoje tenho o privilégio de ter construído um fogão de lenha numa casinha onde me escondo para trabalhar. Fica aqui perto de casa mesmo.
      Uma vez por semana, um velho amigo dos tempos do Senai, passa por lá e tocamos violão e cantamos canções que tocávamos junto, quando eramos adolescentes.
      Eu canto e toco, mais ou menos, mas o meu amigo toca como um João Bosco, pra você ter uma ideia.
      Sei que desse jeito, damos uma temperada na vida!
      Um dia desses você aparece e trás o sax!
      Obrigado pela visita e pelo comentário!
      Abração!
      Marcondes.

  2. Vanderlei Schnoor Responder

    Belo Marcondes!
    Não há nada mais frustrante que chegar no ápice de nossa realização pessoal/profissional e descobrir que depois de tanto esforço e dedicação, não fomos mais que apenas um “colaborador” para o engrandecimento de uma organização. As coisas mais valiosas e realmente importantes em nossa vida ficaram em segundo plano. Um rei muito rico e sábio disse depois que avaliou toda suas realizações e frustrações que o poder e dinheiro lhe trouxe:” tudo é vaidade e um esforço para alcançar o vento”. Eclesiastes 1:14.

    • Francisco C Marcondes Responder

      Bom Dia Vanderlei!
      Obrigado pela visita ao blog e pelo comentário.
      O mais difícil é alguém chegar a uma certa altura da vida em que a energia se acaba e esse alguém olha para trás e vê que todo o seu investimento resultou em “vento”!
      Quem escreveu o Eclesistes já sabia, mas nem todos leem Eclesiastes!
      Uma pena!
      Grande abraço!
      Marcondes.

    • Francisco C Marcondes Responder

      Grande amigo, quase irmão, Zé Buscapé!
      Obrigado pela visita e pelo comentário!
      Se eu fosse Michelangelo, diria que esses pensamentos já estão todos por aí na cabeça das pessoas, eu só os revelo.
      Tua visita me alegra mais que a pizza do Ambrósio. E olha que a pizza dele já vinha carimbada!
      A gente comia toda a fatia, menos a região do carimbo! kkkkkkk
      Abração meu irmão!
      Chico Paco.

  3. Renata Feitosa Responder

    Bom dia!

    Celebrar a vida… Não precisa ter grandes conquistas, pois a maior conquista já alcançamos a cada amanhecer, que é o fato de estarmos VIVOS?!!
    Sabe o que mais me amedronta é o tempo, pois é o único que não espera, não pausa, não te leva com ele, apenas passa, se ao menos nos desse uma chance para as despedias, até mesmo um ar de boas vindas, ou um até logo, não, não existe isso com ele.
    Então antes que o tempo, passe e leve consigo a magia da celebração, comecemos hoje, celebrar tudo o que temos, alegremente como o sol, ainda não conheci nada mais radiante e célebre como sol…

    Abraços.

    Renata Feitosa.

    • Francisco C Marcondes Responder

      Estimada Renata!
      Bom Dia!
      Não me lembro se já te contei, mas, minha filha, quando pequena, tinha uma amiguinha de escola, de quem ela gostava muuuutio. Essa menina se chamava Alessandra Feitosa e era filha da Márcia Feitosa. Pessoas muito queridas que nos deixaram boas lembranças, pois com tempo perdemos contato.

      Muito obrigado pelo comentário!
      Um amigo meu, um senhor que está com uns 70 anos aproximadamente, me contou, um outro dia que estava espantado com a velocidade que o tempo está passando. Saiu ele de sua casa e a calçada agarrou-se a um poste, na intenção de parar o tempo, mas…que nada!!! Disse que no fim das contas, os vizinhos pensaram que ele devia estar maluco e que, além disso, o tempo levou o poste ele juntos!
      Outro dia escrevi sobre isso e cheguei à conclusão que o tempo só existe para nós mortais. Pois se fossemos deuses a dimensão tempo, teria importância alguma!
      Mais uma vez obrigado pela visita e pelo comentário!
      Abraço!
      Marcondes.

  4. Aldeci Santos Responder

    Olá “Tio Chico” , muito bom seu texto ! Compartilho do equilíbrio entre o trabalho, a família e o meu tempo, este eu divido entre os amigos, meu violão, leituras, esportes e por aí vai. O mais importante é estarmos ” ligados ” neste balanço, nem de mais nem de menos, um equilíbrio.
    Abraço

    • Francisco C Marcondes Responder

      E aí meu irmão!
      Beleza!
      Você é um ponto fora da curva.
      Uma das razões de eu te admirar é justamente isso: ser capaz de equilibrar trabalho, família, amizade, violão!
      Tenho um amigo que vem uma vez por semana aqui no escritório! Ele toca muuuuito violão. Principalmente MPB – Chico, João Bosco, Djavan, Noel, Milton, etc.
      Quem sabe você não vem num dia desses nos fazer companhia!
      Aldeci, muuuito obrigado da visita e pelo comentário!
      Grannnnnnnde abraço!
      Tio Chico.

  5. Edilson Responder

    Boa tarde amigo, quanto tempo hem, mas suas reflexões continuam a nos abençoar!!!

    Deus te abençoe e capacite cada vez mais!!!

    • Francisco C Marcondes Responder

      Grannnnnde Edilson!
      Que a paz esteja contigo!
      Rapaz!!!
      Tava preocupado! Você sumiu!
      Pensei que havia perdido um dos meus mais fiéis seguidores.
      Espero que esteja tudo bem com você e sua família.
      Obrigado da visita e do teu comentário.
      Grannnnnnde abraço!
      Marcondes.

  6. Ronnie Responder

    Caro Marcondes,

    Obrigado por compartilhar suas idéias aqui… assim esse blog é quaaaaase igual ao saudoso cafezinho na copa da empresa 🙂
    Belo texto… um inteligente alerta pra nao esquecer o que realmente importa nessa vida.

    E voce que toca violao, certamente já escutou incontáveis pedidos de “toca Rauuuuul”…

    “Eu devia estar contente
    Porque eu tenho um emprego
    Sou um dito cidadão respeitável
    E ganho quatro mil cruzeiros por mês

    Eu devia estar feliz
    Porque consegui comprar
    Um corcel 73…

    …Mas confesso abestalhado
    Que eu estou decepcionado”

    Um efusivo abraço!!

    • Francisco C Marcondes Responder

      Grannnnnnnnnde Ronnie!
      Sempre me alegro em ter notícias suas!
      Me orgulho de poder contar tua história para os meus amigos mais chegados.
      E começo pelo dia em que conversamos sobre “o mundo pertencer aos descontentes”!
      Realmente o cafézinho amigo me faz falta!
      Me perdoe demorar tanto a responder, mas só vi tua mensagem hoje!
      Muito obrigado pela visita, só faltou o cafezinho!
      O Ranulfo me disse que vc esteve aqui pelo Brasil. Por favor, da próxima vez vamos marcar um happy hour!
      Te desejo todo o sucesso!
      Espero que vcs tenham se adaptado bem à Europa.
      Sempre que vou à Esab tenho o privilégio de conversar com tua irmã. Uma simpatia e sempre muito atenciosa comigo!
      Grannnnnnnnde abraço!
      Marcondes.

  7. Roberto Responder

    Caro Marcondes, é uma Felicidade poder ler os seus textos, sempre muito oportunos para nossa reflexão. Hoje li este e outros….Fantásticos!!! Grande Abraço!!!

    • marcondes Responder

      Estimado Roberto!
      Me sinto honrado com tua visita.
      Muito obrigado por tuas palavras de apreço que muito me servem de estímulo!
      Espero que estejas muito bem e no melhor do ânimo e da saúde, junto à tua família!
      Um grannnnnde abraço!
      Marcondes.

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