A cada um é dado um talento, ainda que esse um não se aperceba do talento que a ele foi dado. É incomum pessoas diferentes terem talentos idênticos. Se assim o fosse o mundo perderia em graça. A diversidade amplia a possibilidade de que nos surpreendamos um com o brilho do outro. A prioridade dada ao suprir-se, leva muitos a adiarem o desenvolvimento do talento que receberam ao nascer. O medo da míngua curva a espinha de quase todos e os faz cativos da mediocridade. Incontáveis são os que se alimentam daquilo que não lhes confere o real sabor da vida! O retorno médio restringe as incontáveis alternativas de êxito e felicidade à uma meia dúzia de caminhos sem cor, sem gosto e sem luz.
O talento é como uma musa que por ti se apaixona. Se cortejada, rega-te de delícias, se abandonada, amarga teu coração e reflete-se no teu semblante inerte e no teu olhar sem brilho, ainda que disso não te dês conta! A musa é sem dúvida o amor da tua vida, porém, a rejeitas frente à ressonante exortação da multidão de iguais, que jazem no abismo da conformidade e que, desde lá, se unem por terem igualmente optado pela confortável certeza do mínimo, ao invés da invejável realização do máximo. Tais críticos, para consolarem-se das próprias perdas, advertem em uníssono a todos aqueles que, por ventura, fomentarem a opção de assumirem suas musas, suas paixões legítimas. Essas as quais se dá o nome de aptidão natural, dom ou talento! Brilho incomoda muita gente! Tudo soa como se fosse melhor ter mais um agregando solidariedade aos opacos, do que alguém se destacando e arrepiando a inveja dos tantos que não ousaram ascender ao gozo do próprio talento.
Não permitas que tua vida passe sem que te vejas refletido no olhar da tua musa! Não sejas impulsivo, agindo à revelia de tudo o quanto ajuntaste até aqui. Por outro lado, não sejas insensato com tua musa a ponto de encerrá-la nos porões do conformismo. Separe um tempo para o deleite próprio, pois tu e tua musa merecem! Assim escrevo porque te amo! Sim! Você, poeta, poetiza, bailarino, bailarina, pintor, pintora, escritor, escritora, músicos, cantores, instrumentistas, maîtres, decoradores, artesãos, entre tantos artistas, todos enrustidos e anônimos, de quem, um dia, a crueldade dos chamados realistas, mas sem dúvida, apáticos, extirpou um sonho, como se extirpa um furúnculo, e que por ironia era não isso, mas sim um fruto de delicioso néctar, o verdadeiro néctar da tua vida!
Ouça sim aos teus pais, ouça sim a todos os teus bons amigos, ouça sim aos teus mestres, ouça sim aos que verdadeiramente te amam, mas jamais feche teus ouvidos à voz do teu coração! Afinal, ninguém te conhece melhor do que ele!
Grande Abraço!
Marcondes 23 de Outubro de 2013 00:44
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