Não penso, ainda assim, existo!

Touro e MeninoNão penso; a parte isso, existo! Não posso retribuir afagos, mas posso sentir os teus. Não tenho como interferir em meu próprio destino. Se quer sei abanar o rabo em sinal de contentamento, porém, sinto a paz que me desejas. O que não me exprime a língua, transmito pelo semblante. Não ajunto, nem cultivo, não creio, nem duvido, todavia, aceito de bom grado tua oração. Não tenho como me elevar, pois não medito e nem oro, sou objeto de sacrifício em favor de teus semelhantes, os quais, bem diferentes de ti, pouco me respeitam, porém, tanto me desejam sobre as brasas ou sobre a mesa, para então, matar-lhes a fome ou também cobrir-lhes o corpo ou, ainda, calçar-lhes os pés. Me multiplicam aos milhares, sem me darem conta alguma. Tudo o que tenho é instinto, ou seja, apenas intuo, mesmo assim, existo! Consigo discernir entre a boa e a má intenção, por isso, ó pequena criatura, me sensibilizo por teu caráter e me submeto ao teu amor. Filhos de um mesmo Deus temos propósitos distintos e os cumprimos, de acordo com os desígnios que trazemos desde o ventre de nossas mães. Portanto, não me deves favor algum, mas por tua atitude, ó meu doce infante, a ti, toda a minha ternura!

Marcondes                       17 de Março de 2013                                             22:36

6 comments on “Não penso, ainda assim, existo!”

  1. Aldeci Responder

    Olá poeta Marcondes, vejo que estás cada dia mais dedicado à escrita poética. Quiserá eu poder fazê-lo com tanta inspiração. Parabéns! Como normalmente eu leio também os comentários, hoje parei para pensar o quão difícil para nós é a língua portuguesa, imagine para quem não é nativo. Refleti sobre o comentário da intensão/intenção. Eu particularmente, passei na palavra com a intenção de concluir a leitura, porém sentí o quão intenso foi refletir sobre o impasse.
    Parabéns aos que se prontificam a cravar um combate eterno com o aprendizado, isso nos eleva a um nível superior de entendimento.

    • Francisco C Marcondes Responder

      Estimado Aldeci!
      Ainda me lembro do primeiro e-mail que redigi na Sandvik, da primeira carta endereçada ao cliente. Da primeira vez que tentei escrever algo um pouco mais profundo.
      Aqui em casa, tenho uma professora de português, tenho minha filha que é atenta à gramática e à ortografia, sou apaixonado pelo nosso idioma e, ainda assim, algum erro sempre passa.
      A sorte são os amigos que sempre ajudam. Tem dia que publico uma mensagem às 2hs da manhã e acordo às 6hs e volto ao laptop correndo para corrigir algo que me veio em sonho!
      Mas posso te agarntir que é uma delícia, apesar do caminho ser penoso.
      Quando leio o meu melhor texto e comparo com qualquer dos grandes mestres, quase desisto, porém, como espero viver mais de 90 anos, ainda posso melhorar muito.
      Saber que você lê meus textos me traz (ou seira trás?) grande alegria!
      Grande abraço meu irmão!
      Marcondes.

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